Novo gato na casa: dicas para facilitar a adaptação desse integrante na família
Animal de estimação pode ser uma ótima experiência, principalmente quando o bichinho é recebido com a estrutura e cuidados adequados para o seu bem-estar. A convivência pode ser tão gratificante que muitos tomam a decisão de introduzir um novo gato na casa. Mas a socialização deve ocorrer por conta dos animais ou existem algumas prevenções que ajudam a minimizar os atritos e o estresse?
De acordo com o especialista em bem-estar animal, Luis Andrés Gonzalez, os gatos - assim como seus parentes selvagens mais próximos -, são animais solitários que se socializam em circunstâncias específicas. Então, apesar de conviverem pacificamente com outros animais, tal tolerância ocorreu através do estilo de vida dos humanos, pois ao habitarmos espaços cada vez menores, “forçamos” os bichanos a essa relação amigável. Mas tudo tem limite. No caso de introduzir um novo gato na casa, é importante seguir alguns passos, te paciência e observar os sinais que emite. Impor o convívio pode ser uma experiência desastrosa, gerando alto grau de conflito por recursos como a comida, água, caixinha de areia e até mesmo a atenção do dono. “O gato ainda pode ficar apático, perder o apetite, apresentar quadros de depressão e adoecer, gerando muita frustração e estresse aos donos também”, disse o especialista, que enfatizou a importância de ações preventivas. Vejamos algumas delas.
Qual a primeira medida a ser tomada ao introduzir um novo gato no lar?
Especialista: Quando o novo gato chegar, o indicado é deixá-lo em um ambiente separado – com água, comida, caixinha de areia, brinquedos -, evitando o confronto direto com os demais animais da casa.
Por quanto tempo devem estar separados?
Especialista: Isso varia com cada caso, mas o ideal é não ter pressa. Os gatos se guiam pelo visual, cheiro e feromonas (mensageiros químicos que emitem informações sobre os animais). Então, a tática aqui é rotar os ambientes para que os animais se familiarizem com o cheiro e as feromonas um dos outros, reduzindo a estranheza ao estabelecerem o contato visual.
O que é importante observar ao estabelecer o primeiro contato visual?
Especialista: É importante observar o comportamento corporal dos animais. A princípio, os gatos evitam uma agressão direta. Em caso de conflito, o olhar fixo, a vocalização e o pelo eriçado são sinais de advertência, indicando a necessidade que retomar à etapa anterior. Se o quadro de rejeição permanecer, o indicado é consultar um veterinário especialista em comportamento animal, que poderá sugerir alternativas terapêuticas como a feromonoterapia, por exemplo. Entretanto, se a aproximação ocorrer sem incidentes, significa que os animais já estão socializados.
A boa acolhida de Farofa
O casal Felipe e Patrícia, moradores de São José, recentemente adotaram a Farofa, uma gatinha de aproximadamente nove meses. Apesar de já terem dois outros gatos adotados - o Cacaroto e o Ozzy -, não resistiram à ideia de mais um bichano no apartamento.
Com o objetivo de evitar o estresse e fomentar a convivência harmoniosa, buscaram ajuda especializada, cuja orientação foi a de seguir os passos de isolamento e socialização gradativa. No primeiro dia, deixaram a Farofa separada em um cômodo da casa, evitando o contato com os demais gatos. A gata ficou escondida debaixo da cama, comportamento este que Gonzalez explicou como esperável, já que a busca por refúgio é comum em situação de estresse. Para ajudar na adaptação dos cheiros, o casal colocou objetos da gatinha junto dos gatos e vice-versa. O contato visual foi estabelecido logo no dia seguinte, com a supervisão deles, o que não inibiu um comportamento hostil por parte da recém-chegada. “No primeiro contato visual, a agressividade partiu da Farofa, que estapeou os demais gatos. O Cacaroto e o Ozzy ficaram apreensivos. Mas após uma semana de convívio gradativo, a interação começou com lambidas, cheiros, atingindo à normalidade. Agora temos três gatos para amassar, dar carinho e cuidar”, contou Felipe Souza.
Para Luis Gonzalez, a antecipação do contato visual pode prejudicar o processo de adaptação. O caso de Felipe e Patrícia não encontrou grandes dificuldades, porque o temperamento dos gatos era bom. “É importante considerar que os gatos possuem personalidade, com temperamentos mais amenos ou mais agressivos. Nesse sentido, é importante não incitar o conflito, pois só conheceremos o nível de agressividade uma vez que eles estão em situação de estresse”, alertou.
Agora que você já sabe dessas dicas e experiência, fica claro que ter um animal é mais que um ato de amor e amizade. É de responsabilidade, paciência e conhecimento.
Fotos: Chris Rose / Phenix Photograph e Matthew R. Willow / Coveredincathair.com